O Instituto Vozes da Terra é uma organização não governamental que nasceu da união de pessoas, comunidades e movimentos sociais com o objetivo de fortalecer a luta dos povos e comunidades tradicionais do Ceará e construir o poder popular.
Somos fruto de uma ideia coletiva semeada na foz do Rio Aracatiaçu entre os municípios de Amontada e Itarema, terra de lutadoras e lutadores do povo, gente aguerrida que se mantém de pé na defesa de seus territórios e do modo de vida tradicional desde a década de 80.
Nossa missão é fortalecer a construção de territórios livres, autônomos e protegidos através da demarcação dos territórios de comunidades tradicionais do Ceará, da salvaguarda do nosso modo de vida tradicional, da nossa visão de mundo ecossistêmica e da nossa biodiversidade. Lutamos contra megaprojetos de energia eólica, solar e nuclear que ameaçam nosso estado, contra o agronegócio, a especulação imobiliária, o extrativismo mineral e o turismo de massa na zona costeira.
Acreditamos que não conseguiremos construir o amanhã apenas com projetos de destruição. Não podemos existir neste mundo apenas para reagir ao capitalismo, à supremacia branca e patriarcal. Precisamos construir um novo mundo a partir de nossos territórios. Um mundo no qual caibam muitos mundos, como nos ensinam os zapatistas. Por isso, também atuamos subindo floresta, recuperando nascente, fortalecendo a agricultura familiar, a educação do campo e das águas, a pesca artesanal, a cultura alimentar, o turismo Comunitário outras formas de economia solidária.
Em termos organizativos, priorizamos a aplicação de metodologias participativas, sempre referenciando a nossa atuação a partir dos territórios, utilizando estratégias de aquilombamento que se referenciam na resistência ancestral como valorização das suas culturas e identidades, bem como através do diálogo e incidência nas esferas institucionais.
A especulação imobiliária, o turismo de massa e os complexos industriais voltados para uma transição energética de fontes renováveis têm desconsiderado a existência e as vontades dos povos e comunidades tradicionais no Ceará, do semiárido ao litoral, que vivem na zona costeira, nos manguezais e na Caatinga. Isso nos motiva a organizarmo-nos coletivamente para agir pela defesa de nossa rica biodiversidade e do nosso Bem Viver.
Acreditamos que o protagonismo no processo de enfrentamento a toda essa destruição cabe a nós, enquanto povo unido e organizado. A resistência organizada das comunidades tradicionais tem profunda identidade e raízes com seu modo de vida comunitário, com as formas orgânica, criativa e combativa de pensar a sua ação política no mundo. É sobre essa resistência que construímos o alicerce de nossa organização.
Princípios